há doenças piores que as doenças

Raphael Silva Nascimento
3 min readMar 26, 2021

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amuleto mesopotâmico de proteção contra A PRAGA (tão efetivo quanto cloroquina)

me bateu um reconhecimento agora que me deu tilt: de todas as epidemias que nos abateram na história — e foram muitas, que levaram milhões e milhões de pessoas — essa é a PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA que nos acontece uma pandemia onde:

1) temos conhecimento da teoria dos micro-organismos e todo o avanço da microbiologia;

2) temos conhecimento do funcionamento biológico dos processos infecciosos como nunca tivemos antes;

3) temos conhecimento de como epidemias se alastram, modelos matemáticos, registros e mecanismos de rastreio;

4) temos tecnologias de prevenção, proteção e controle de micro-organismos;

5) temos fármacos que amenizam a sintomatologia e conhecimento de sua biodinâmica;

6) temos uma biblioteca vasta num nível inimaginável há décadas atrás sobre tudo isso, mecanismos de verificação, um poderoso histórico e metodologia de manipulação desse conhecimento;

7) temos capacidade técnica para sequenciar geneticamente variantes virais e bacterianas e entender a nível molecular sua estrutura;

8) temos como mapear com geolocalização em tempo real o espalhamento de um vírus por todo o globo e atualizar dados e utilizar aplicações móveis para monitoramento em escala;

9) temos tecnologia inovadora de construção em tempo recorde de estruturas hospitalares, aparelhos de diagnóstico, testes bioquímicos, equipamentos médicos de suporte à vida;

10) uma capacidade científica de desenvolver diversas vacinas em um curtíssimo espaço de tempo de forma absolutamente inovadora, utilizando tecnologias revolucionárias e inéditas, produzindo em larga escala em tempo também recorde, e utilizando um aparato de logística assombroso para espalhar as mesmas pelo mundo.

A FELICIDADE QUE A CIÊNCIA TRAZ

e ainda assim, depois de pelo menos centenas de milhares de anos de espécie, de pelo menos uns umas dezenas de milhares de anos de homo sapiens anatomicamente modernos e no minimo uns 12.000 anos de civilização, AINDA ASSIM: estamos passando pela nossa primeira pandemia onde podemos botar a prova TODO O DESLUMBRANTE AVANÇO DO CONHECIMENTO HUMANO, temos TUDO PARA SUPERAR COMO NUNCA PUDEMOS NA HISTÓRIA e estamos perdendo pra um aplicativo de mensagens, montagens primárias de imagens e delírios rudimentares sem a menor capacidade de resistir ao mais fraco escrutínio.

“será que fumaça e faísca de solda é capaz de curar essa malária que o tutankhamon pegou no nilo?”

a dor e a delícia de ser humano e entender como nos sustentamos nos ombros de gigantes, construímos aparatos tecnológicos impressionantes e quase mágicos, acumulamos mais conhecimento do que nunca, à disposição de quase todo mundo, de modo instantâneo e mais rápido do que jamais imaginamos… mas tudo é frágil e quebradiço na frente de um áudio de zap de um bocó messiânico, enviado por um olho de bandeira do brasil chorando.

porra, homo sapiens.

dá-me mais corote, porque a vida é nada

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