o roubo é um imposto

quando eu penso na galera que fala “imposto é roubo” eu tento entrar na mentalidade de onde isso surge, e nas vicissitudes (NOSSA EIN OLHA O VERNÁCULO!) de como a práxis brasileña faz com que pensemos em como o imposto em geral é usado.
eu até entendo uma visão de estado mínimo como algo logicamente coerente enquanto um sistema de organização social. realmente, SENTIDO isso faz. porém, sempre repito que a questão envolve “paradigmas morais” muito diversos de onde se parte a discussão do assunto, e por serem tão diversos, a ideia de estado forte e estado mínimo divergem sem conseguir conversar direito, sem um entender o outro — as veish, né. mas isso é assunto pra OUTRO texto.
entender como o conceito de imposto pode ser visto dentro de uma perspectiva de entendimento de ESTADO diferente, e ver na nossa realidade como a “prática” do imposto tende a servir para financiar uma classe parasitária e corrupta do público e do privado no entanto não deveria servir para desmontar a ideia de IMPOSTO, ou pelo menos o seu PRINCIPIO FUNDADOR ou como essa ideia pode/deveria ser aplicada.
vamo ignorar um porquinho a etimologia latina que vem na mesma raiz de IMPOSIÇÃO, e por isso parecer um bagulho meio UÓ, e vamo colocar de uma forma muito simples (ou simplória, se pá) do que estamos falando: um imposto é um encargo não necessariamente financeiro sobre um indivíduo que, ao fazer parte de uma organização social, precisa contribuir de maneira parcelada com os esforços do coletivo na construção de um bem público. mais ou menos isso né? sorry, economistas.
PORTANTO, partindo dessa minha supersimplificação estereotipada, vamos tentar empurrar (cof cof) a interpretação que — em tese — o imposto serve SEMPRE ao bem coletivo. seja quando a corveia rolava pra galera arrumar o muro do castelo pra proteção de todos, ou quando o danado do ICMS vem aí pra — EM TESE — construir uns hospital público, esse danado do imposto tem um sentido coletivo MAIOR.
PAUSA.
a partir desse momento já deu pra ver que não manjo de história, economia, e que simplifico coisas complexas demais e vou continuar fazendo, desculpa mas esse medium é meu, porém, chega agora o pulo do gato que nos retornará ao começo do texto:
quando eu penso na galera do “imposto é roubo”, e vejo como em sua grande parte, eles são da mesma classe que eu ou mais abastados, e melhor a$$i$tido$ socialmente, eu tento entender de onde vem esse pensamento ANÔMALO: se é uma falta de entendimento do princípio, se é uma discordância de conceito, se isso se parte de um paradigma moral diferente ou se a galera é só meio CEGA y ESCROTA mesmo.
pensando em como o imposto é uma taxa que — em tese — nos serviria para construção de bens coletivos, é MAMÃO COM MEL ORGÂNICO DE LARANJEIRA de tão fácil de não entender pra que se precisa disso já que desde que nascemos já damos como certo e fazemos pouco caso de tanta infraestrutura que já nos cerca: as melhores escolas, habitações, água encanada, saneamento básico, melhores vias, melhor internet, telefone, canal a cabo, eletricidade e tudo o mais que passe amarrado em cima de poste ou embolado em tubo enterrado na terra e tantas mais de mil opções de milhares de coisas mil vezes mais. é difícil perceber a importância do bem coletivo quando tudo se tem em abundância.
mas ah, “deixa na mão do mercado que é bem melhor!”. e eu só desejo que todo mundo que fala isso fosse magicamente transmutado como parte de uma comunidade rural de 20 famílias e precisasse convencer que alguma empresa instale a infraestrutura necessária para eles poderem assistir la casa de papel, desde eletricidade à estrutura de internet, para só 20 pagantes- que aliás, não tem tanto dinheiro pra poder pagar netflix, perdão, MORRA NO ESCURO.
eu nem vou falar de outros bens coletivos, como saúde e educação pública, porque o fosso cognitivo à ultrapassar é ainda mais profundo e tem que ser atleta de salto com vara retórico pra tentar demover da cabeça a ideia de que educação e saúde não funcionam pela lógica do mercado pra alguém que consegue operar nessa lógica sem parar pra pensar que — eita, tem gente fora dela!
e nisso agora chega o momento de FECHAR A GESTALT e chegar no título desse texto: a invisibilidade dos próprios privilégios e a pervasividade desse pensamento limitado DESEMBOCA ONDE? no mar extenso da desigualdade, onde quem pode nada, quem num pode se afoga e os bonitão tão nem aí de lancha e jetski fazendo marolinha e dando caldo na moral. e é aquilo, OBRIGAÇÃO a gente sempre vai ter se a gente quer viver em comunidade e não tem muro alto, cerca elétrica e vidro blindado que impeça pra sempre a cobrança do tributo de se viver numa sociedade tão desigual.
nosso sistema político é um covil de bandidos, tamo combinado de concordar pelo menos nisso, né? mas a reforma e a cobrança tem que ir pra como nossos impostos são usados, e não desmantelar um meio de se financiar o que jamais o mercado faria, e lutar pelo equilíbrio de como os impostos são cobrados — mais de quem mais pode deveria ser óbvio.
como os impostos são aplicados é que deveria estar na cantilena repetitiva (e chata) dessa galerinha tão preocupada com a SUBTRAÇÃO, porque alguns tributos todo mundo paga, de uma forma ou de outra.